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terça-feira, 18 de maio de 2010

Vida Sofrida

Pra todo mundo que acha que eu sou ua patricinha que nasceu em berço de ouro, não tem a menor ideia do que passei nessa vida de meu deus. Eu não tive que cortar cana, carpir mato ou plantar bananeira porque eu moro na cidade. Se eu morasse no campo, pode ter certeza que eu seria a responsável por pegar a merda do cavalo.hahahha

Pra começar, nunca tive emprego fixo, trabalho fixo ou remuneração fixa. Curto ser nômade, andar por aí, conhecer novas pessoas… NÃÃÃÃO! Eu não curto nada disso. Só queria um mísero emprego fixo, com carteira assinada pra eu mostrar pra minha vó e dizer: “Tá vendo, Vó, trabalho de carteira assinada”.

Mas como a situação tá difícil e ninguém tá afim de dar um emprego, então tô nem aí.

Minha carreira profissional começou logo cedo. Tinha um ótimo perfil empreendedor e pensava em ficar rica a curto prazo. Logo no meu primeiro emprego, fui boicotada por uma senhora que acabou com todas as minhas aspirações: minha mãe.

Eu gostava muito de tomar sacolé (geladinho, gelinho ou outros nomes que não sei), até porque é mais rápido, é mais jovem mesmo. Sem contar que era baratinho. Na época, custava 15 centavos os feitos com suco natural. Muito bons. Sem contar os gelões, que ram gigantes e eram vendidos por apenas 25 centavos.

Pois bem. Diante do impasse de tomar muitos sacolés, decidi produzir minha própria série para tomar, vender e ganhar uma grana. Comprava altos Ki-sucos (Tang? HAHAHA. Tang era o triplo do preço de um Ki-suco e eu, com pensamento voltado a negócios, queria maximizar meus lucros) para fazer os meus. Uva, Graviola, Framboesa, Morango… em média, 1 litro de ki-suco fazia 15 sacolés. Como queria desbancar a concorrência, vendia meus sacolés a 10 centavos, logo, 15 sacolés a 10 centavos, iriam me render R$1,50 bruto. Tirando os 30 centavos do suco, minha mão de obra, luz, água, açúcar, os sacolés que meu pai pegava… acho que dava pra ganhar uns 50 centavos a cada 15 feitos. Super grana. Dava pra comprar vários pirulitos....rs

Como uma boa comunicadora desde pequena, coloquei uma plaquinha no portão anunciando que eu tinha entrado no ramo. Não demorou pra todos os meus vizinhos virem comprar e contraírem dívidas de 40 centavos, 60 centavos, o que me deixava extremamente puta. Porém, o que me deixou mais puta foi minha mãe. Ela ficou com vergonha da minha atitude empreendedora e arrancou minha plaquinha: “Para de ser besta. Dá todos esses sacolés, não vai vender pra ninguém”. E saiu distribuindo pra quem quer que fosse minhas obras-primas-alimentícias. Noooooooossa. Sou uma garota de muito bom coração, senão eu JAMAIS teria perdoado essa atitude dela.

Ok, mãe. Não quer que eu seja vendedora de gelinho, uma profissão honesta, digna, então vou fazer uns bicos na Páscoa. Pra vocês terem uma ideia, me tornei o maior responsável pelo faturamento de uma senhora que fazia Ovos de Páscoa. E qual era meu cargo? Vendedora de rifas. Em troca do meu trabalho, ela me dava um ovo igual ao que estava sendo rifado. Bem legal. Eu era pequena, “inocente” e todo mundo comprava. Uma pena que elas nunca souberam que eu era a maior fraudadora da história das rifas. Conseguia fazer um esquema com a luminária que eu via o nome de quem ia ganhar antes. Em troca desse nome, oferecia a uma pessoa X por um preço mais elevado. Negócios são negócios. E criança quer sempre comprar algo útil, tipo… mais doces.

Já mais crescida, decidi que iria trabalhar com o que eu gostava de verdade:vender, me arrisquei na pior profissão do mundo: ser vendedora de loja em shopping. Acho que não há algo pior e mais humilhante do que ficar procurando roupas para um bando de imbecis. Que desgraça. Trabalhava das TRES da tarde até as MEIA NOITE em regime semiaberto no período do Natal. Até os presos veem sua família no Natal…. Puta vida miserável. Ainda bem que era temporário, porque eu não ia aguentar mais de 1 mês naquele inferno.

Passado as babaquices infantis de tentar conseguir dinheiro para ir a domingueiras e matinês, entrei na faculdade e me conscientizei que dali pra frente só arrumaria trabalhos fixos. Quisera eu.

Em paralelo à faculdade , criei várias comunidades no orkut que não me serviram pra bosta nenhuma, porque me recusei a ganhar dinheiro com propaganda pra não deixar “visualmente feio o layout”. Como souburra. Muito burra.

Desisti de criar comunidades e passei a criar frases pra concursos culturais pela internet. Não genhei nada,rs.

Hoje sou considerado blogueira. Cheguei ao fundo do poço.